SANTIAGO, Dec 5, 2019 / 10:50 am
Um diácono viveu momentos tensos no Chile, quando o carro que dirigia foi parado por vários manifestantes e feministas com lenços verdes, que o insultaram e o acusaram de encobrir abusadores, porque se absteve de comentar os protestos que ocorrem no país nas últimas semanas.
O incidente ocorreu em La Calera, região de Valparaíso (Chile), no sábado, 30 de novembro, e foi divulgado por um vídeo de um grupo do Facebook chamado Caleranos de Corazón.
O diácono Jorge García retornava da celebração do mês de Maria na paróquia de São José e seguia em direção à outra paróquia que atende pastoralmente com alguns sacerdotes, chamada Santo Nome de Jesus.
Em conversa com a ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI –, García explicou que, no caminho de volta, ao chegar à Praça Balmaceda, um grupo de pessoas majoritariamente mulheres, parou o veículo que estava dirigindo para exigir que ele dançasse com a frase "quem dança passa".
Essa frase se tornou comum nas manifestações sociais no Chile. Se o motorista sai do veículo e dança, deixam-no passar, caso contrário, insultam e agridem a pessoa ou o veículo. Em outros casos, os motoristas de ônibus são obrigados a entregar extintores de incêndio.
No vídeo de cerca de 4 minutos, García aparece com uma relativa calma, enquanto do lado de fora do veículo gritavam "os padres e os pacos (policiais) são estupradores", "cúmplice", entre outras grosserias.
Da mesma forma, um homem se aproxima pela janela do passageiro e pede ao diácono, que em breve será sacerdote, para comentar sobre os abusos dos direitos humanos que policiais e militares cometeram contra manifestantes. O diácono disse que preferia não comentar.
Enquanto García permanecia em silêncio, ao redor dele continuavam os insultos e as risadas. Uma mulher o acusou com grosserias de ser estuprador.
Depois, uma jovem parou na frente do veículo e começou a gritar: "Retirem o demônio, está dentro de mim, tenho dentro o demônio, retirem-no de mim, retirem-no de mim!".
García disse que deve ter passado cerca de 10 minutos ou mais nos quais sentiu medo, "mas é preciso ser capaz de manter a calma e a temperança para responder da melhor maneira".
"A pior coisa que se pode fazer é reagir mal, por que teriam um motivo para me agredir. Mas, como eu dizia 'não quero emitir uma opinião neste momento'", depois de alguns minutos, deixaram-no passar, disse.
Em sua reflexão, García recordou que cresceu em uma família onde lhe ensinaram que os conflitos se resolvem conversando e dando argumentos de razões. Mas, nos últimos tempos, "as pessoas se tornaram agressivas para impor seu ponto de vista, fazem-no através de golpes ou de quem fala mais forte".
"Quando há tanta agressividade, não há possibilidade de diálogo". "Espero que esse nível de violência termine porque não nos faz bem", assegurou.
"Isso serviu para mim, pois dentro do ministério é necessário estar disposto a padecer estas coisas pela Evangelização, assim como Jesus foi a Jerusalém e poucos dias depois o crucificaram, então, é preciso estar disposto a isso", assegurou.
O futuro sacerdote, que vive desde março de 2017 em La Calera, disse que se sente tranquilo e feliz na comunidade.
Há diversas atividades que dão vida à paróquia do Santo Nome de Jesus, como o refeitório paroquial para cerca de 80 pessoas, o lar de idosos com 21 moradores e um jardim de infância em um povoado.
Quanto à vida paroquial, a comunidade se caracteriza por ter ampla participação juvenil. Missões de verão, atividades de Natal para arrecadar dinheiro e montar cestas de alimentos para famílias carentes, são algumas das atividades.
Na paróquia de São José, além da vida sacramental, há um clube para idosos, o grupo de madrugadores e uma Capela de Adoração Perpétua, que devido às manifestações sociais teve que fechar alguns momentos por segurança.
Confira também:
Por amor ao Chile, acabemos com a violência, clamam bispos https://t.co/1X6oSKAvf7
- ACI Digital (@acidigital) November 13, 2019
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